museu de arte popular

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Resposta de Raquel Henriques da Silva às declarações do Ministro da Cultura

Resposta de Raquel Henriques da Silva às declarações do Ministro da Cultura publicadas na passada segunda-feira pelo jornal Público (ver artigo na íntegra aqui):

Em relação às declarações do Ministro da Cultura (MC) ao Público de ontem sobre a petição que decorre on-line para salvaguardar o Museu de Arte Popular (MAP), interessa esclarecer o seguinte:

1- O  MC esconde que, além da petição on-line, foi  entregue outra, no dia 28 de Maio, ao seu Chefe de Gabinete, subscrita por personalidades relevantes, entre elas todos os responsáveis pela política museológica nas últimas décadas, exigindo a reabertura do processo de classificação do MAP, acintosamente suspensa em 2007, quando foi tomada a espúria decisão de o reconverter em Museu Mar  da Língua.

2- O processo da destruição do MAP não é nem “antigo” nem “longo”. Só nasceu em finais de 2007, quando a então MC resolveu copiar o Museu de S. Paulo dedicado à mesma temática e instalá-lo num museu histórico em que estavam a decorrer obras de requalificação, com financiamento europeu. Essa candidatura, que eu apresentei ao Programa Operacional da Cultura, destinava-se expressamente  à valorização do museu existente, pelo que é muito discutível a sua apropriação oportunista para outra finalidade.

3- Em relação à “ponderação” de tal decisão, os factos falam por si: a reconversão do financiamento em curso para nova finalidade não avançou e foi o actual MC que teve de decidir encontrar outro caminho. Ponderou imenso também, chegando a anunciar que o Museu da Língua seria instalado na Estação do Rossio, para depois dar o dito por não dito, regressar ao MAP e entregar-se nos braços da Frente Tejo. Dá assim continuidade à sua original política, iniciada com a entrega do projecto do novo Museu dos Coches ao Ministro da Economia.

4- Saúdo o facto de o MC aconselhar a que nos informemos. Aqui vai o pedido: em que concurso foi escolhido o atelier de arquitectura para instalar o Museu da Língua no MAP? Confirma que o projecto museológico está a ser elaborado pelas empresas Y-Dreams e Produções Fictícias? Com que critérios foram contratados? Qual é o custo de obra previsto? A quem vai pertencer a gestão do novo museu? Quem está a acompanhar estes projectos que vão violentar um edifício cuja classificação estava em curso e que, garanto, vamos conseguir reabrir?

5- Última pergunta, francamente ingénua: quais são o conceito e o programa do Museu da Língua? Quem os elaborou?


Raquel Henriques da Silva
Ex-Directora do Instituto Português de Museus (1997-2002)

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