museu de arte popular

Avatarfechado em Belém mas aberto aqui

Quatro medidas para ultrapassar o imbróglio do novo Museu dos Coches e fazer dele uma oportunidade de futuro

As propostas de Luís Raposo e Raquel Henriques da Silva, a propósito da mesa redonda de amanhã (Museus de Belém. Perspectivas de Futuro):
Levantamento do parque museológico e monumental da zona de Belém (da Torre de Belém à Cordoaria Nacional), detectando virtualidades, abandonos, eventuais lacunas e elaborando um plano integrado de valorização de cada peça e do conjunto;
 
Em relação ao conjunto, adopção de medidas potenciadoras dos circuitos integrados, em domínios tais como percursos pedonais, bilheterias comuns, programação, promoção e merchandising articulados, parqueamentos de viaturas, navette de ligação gratuita, mediante a apresentação de títulos de entrada em museus ou monumentos;
 
Em relação a peças individuais:
 
Reabertura do Museu de Arte Popular no seu lugar próprio, devidamente modernizado, mas respeitando a colecção e o conceito original;
Dinamização do Museu Nacional de Etnologia, promovendo o acesso ao mesmo pela sua inclusão na rede assim definida;
Ampliação do Museu de Marinha em dois sentidos: para os terrenos disponíveis a poente das instalações actuais e para a Cordoaria Nacional, onde deverão também ser colocados o Arquivos Histórico e a Biblioteca Central de Marinha, retirando-a dos Jerónimos e demolindo o edifício onde se situa, o qual constitui um verdadeiro atentado ao espírito daquele lugar;
Ampliação do Museu Nacional de Arqueologia no Mosteiro dos Jerónimos, retomando os projectos já existentes para o efeito e adaptando-os agora às possibilidades que se abririam com a transferência para a Cordoaria Nacional da Biblioteca Central de Marinha e, eventualmente, de algumas áreas ocupadas presentemente pelo Museu de Marinha;
Manutenção do conjunto mais emblemático de coches nas instalações actuais do Museu Nacional dos Coches, iniciando imediatamente um programa urgente do seu restauro;
Criação na Cordoaria Nacional de um centro museológico industrial-naval e de arqueologia subaquática, explorando as ligações ao rio Tejo, onde, em posição fronteira, deverá ser criada um cais para acostagem e visita a navios históricos, em ligação com o referido núcleo museológico;
 
Finalmente, quanto à intenção de construção de um novo Museu Nacional dos Coches, no caso de não ser considerada possível a sua total reversibilidade (o que idealmente mantemos como desejável) e dando por adquirido nas suas linhas gerais o projecto de arquitectura já existente, adopção das seguintes medidas:
 
Afectação ao Museu Nacional dos Coches, para instalação de serviços e ampliação dos espaços expositivos, da construção anexa ao edifício principal, situada em frente do referido Museu;
Instalação no edifico principal de um novo museu, cuja necessidade se faça sentir depois do levantamento indicado no ponto 1. Os critérios de escolha para o efeito deverão privilegiar conteúdos susceptíveis de constituírem uma poderosa mais-valia para a promoção dos fluxos turísticos (nacionais e internacionais) na zona de Belém, servidos por tecnologia de última geração e não tanto por colecções patrimoniais intrinsecamente únicas. Entre outras possíveis ideias, avançamos desde já com a de um Museu da Viagem, capaz de evocar a diáspora portuguesa em toda a sua extensão temporal, nomeadamente deste a chamada Epopeia dos Descobrimentos (colocando em relevo os aspectos antropológicos do contacto com o “outro” e a dimensão técnica e científica da época) até à gesta das viagens da emigração dos séculos XIX e XX.
 
Luís Raposo
Raquel Henriques da Silva


(imagens do Arquivo Fotográfico da CML)

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